A cada esquina de Itacaré se revive cenas típicas da cultura baiana. O povo expansivo, as cores, a Igreja no alto, o farol, a capoeira, a ginga, o acarajé, o sol, o calor humano.
Representando bem essa história a Casa do Boneco, associação cultural atuante em Itacaré há mais de 20 anos, inaugurou em 2010 a Fazenda Modelo Quilombo D´Oiti baseado no turismo étnico de base comunitária, nas margens do Rio de Contas. Lá pode-se “experienciar” a história, os hábitos e o dia-a-dia das comunidades quilombolas da região.
Já em Taboquinhas, zona rural do município, jovens do distrito levam você para um curioso passeio pela trilha dos tropeiros que escoavam a produção de diamantes da Chapada Diamantina até o vilarejo de São Miguel da Barra do Rio de Contas, hoje a cidade de Itacaré.
Aqui a população se reforça para resgatar as tradições culturais da Bahia. Várias festas folclóricas animam regularmente as ruas da cidade. Não são espetáculos exclusivos para turistas, pelo contrário, as festas são organizadas pelo povo de Itacaré para o povo de Itacaré.
No distrito de Taboquinhas, à beira do Rio de Contas, manifestações da cultura popular ainda resistem ao tempo como é o caso da marujada – dança que representa a vida dos pescadores e suas esposas - e do samba de roda.
No bairro Porto de Trás (quilombo urbano) a apresentação folclórica do “bicho e o caçador” envolve toda a comunidade e representa o amor dessa gente pela natureza e contra os caçadores que ainda insistem em explorar as matas.
A noite a Pituba e a Passarela da Vila são os pontos de encontro certos entre os locais e os turistas. Numa integração completa, no verão as ruas se transformam num grande calçadão com comércio variado, bares, restaurantes, rodas de capoeira e muita, muita música e diversão.
Já num breve passeio pelo Centro Histórico, a história se apresenta nos casarios da época de ouro do cacau e do óleo de baleia utilizado em muitas paredes construídas entre as décadas de 30 e 40, e que ainda podem ser vistas.
Para incentivar a comunidade várias Associações Culturais locais se formaram colaborando para a preservação dessas manifestações culturais.
FESTAS JUNINAS
As Festas Juninas são manifestações culturais e folclóricas muito fortes em Itacaré, bem como em todo o Norte e Nordeste brasileiro. Essa tradição tem sua origem mais remota nos países no hemisfério norte e indicava o início do verão e, conseqüentemente, das colheitas. Desde os tempos pagãos a data é comemorada com fogueira, dança, música e muita comida.
Somente no século VI o catolicismo passou a associar esta celebração ao dia de São João e no século XIII os portugueses incluíram São Pedro e Santo Antônio nas festividades. No Brasil a data é comemorada desde 1583.
Em Itacaré, durante todo o mês de junho, dá pra sentir no ar o clima de festa. Cada bairro se organiza e constrói seu “arraiá” onde se dança muito forró e é possível experimentar uma série de iguarias como: licor de jenipapo, canjica, munguzá e tantos outros.
Os moradores montam fogueiras em frente a maioria das casas e na orla (Praia da Coroinha) uma fogueira gigante é alimentada incessantemente pelos moradores durante o mês de junho inteiro. As ruas enfeitadas por balões e bandeirinhas se misturam às roupas estampadas com motivos florais, próprias para dançar as quadrilhas – normalmente comandadas por um mestre de cerimônia, originárias de uma dança francesa chamada “quadrille”.
Resumindo, trata-se de uma das comemorações mais alegres do ano e, portanto, se estiver em Itacaré, não deixe de participar!
Além disso, as raízes culturais e folclóricas na Bahia, de forma geral, estão intimamente ligadas à cultura negra trazida para estas terras através dos escravos. Nesse sentido, temos três grandes berços: a Capoeira, a Gastronomia e o Candomblé.
CAPOEIRA
A Capoeira é a pura expressão da cultura afro-brasileira. Os grupos mais tradicionais da cidade são os Filhos de Zumbi e Tribo do Porto. Todos eles praticam a Capoeira Regional e organizam treinamentos diários, apresentações públicas nos fins de semana e são frequentados por muitas crianças e jovens, e abertos aos visitantes, inclusive para cursos.
CANDOMBLÉ
Sexta-feira é dia de branco na Bahia. É isso mesmo, adeptos ou não do Candomblé, já é quase uma tradição vestir-se de branco às sextas-feiras, em homenagem a Oxalá que, no sincretismo, representa Jesus Cristo. Independente de raça ou classe social, este e outros costumes trazidos pela religião afro já estão incorporados ao dia-a-dia dos baianos.
O Candomblé é um antigo culto que tem como objetivo a adoração aos Orixás, considerados “espíritos da natureza” e provenientes dos 4 elementos: terra, fogo, água e ar.
No início da colonização, os rituais de Candomblé eram praticados nas próprias senzalas e nos terreiros das fazendas, onde trabalhavam os escravos africanos e seus descendentes. O mais antigo terreiro da Bahia é conhecido como Engenho Velho ou Casa Branca, em atividade há mais de 450 anos, na cidade de Salvador.
Cada orixá tem seu correspondente na Igreja Católica, com suas características próprias, como: dia da semana, cores, vestes, saudações e comidas. Domingo é dia de todos os Orixás. Identifique-se com um e reze para ele, pedindo proteção, saúde e paz acima de tudo:
Exú – mensageiro entre os homens e os orixás. Segunda-feira. Vermelho.
Ogum – abre caminhos. Terça-feira. Azul escuro. Santo Antônio.
Oxumaré – traço de união entre o céu e a terra. Terça-feira. Verde e amarelo.
Xangô – representado com machado de asas com dois gumes. Quarta-feira. Vermelho e branco. São Jerônimo.
Iansã – orixá dos ventos e tempestades. Quarta-feira. Vermelho. Santa Bárbara.
Oxóssi – verde e azul. Quinta-feira.
Logun Edé – orixá das matas, prefere a selva como morada. É caçador. Quinta-feira. Azul, verde. São Miguel.
Oxum – orixá dos raios e dos trovões, da beleza e do dengo. Sábado. Amarelo ouro.
Obá – quarta-feira. Branco e vermelho. Santa Joana D'Arc.
Omolú – Segunda-feira. Vermelho e preto. São Lázaro.
Nanã – a mais velha das orixás das águas. Terça-feira. Branco e azul. Senhora Santana.
Loko – orixá das matas e da rua, protetor dos pobres. Terça-feira. Branco. São Francisco.
Ossain – dono das folhas, é o médico do candomblé. As folhas exercem papel preponderante na mística do candomblé: no uso acentuado nos banhos e sempre presente em quase todos os seus momentos. Segunda-feira. Vermelho e azul. São Benedito.
Oxalá – é o orixá da criação e filho de Omolú. Deus supremo, representado pelo Senhor do Bonfim. Sexta-feira. Branco é a sua cor. Também conhecido como Oxalufã e Oxaguian.
Iemanjá – também conhecida como Janaína, sereia do mar, Dandalunda, rainha das águas. Sábado é o seu dia. Rosa claro e azul claro.
Ifá – orixá da adivinhação. É quem consulta o dono do terreiro e diz quem o santo escolheu para substituí-lo. Quinta-feira. Branco. Santíssimo Sacramento.
Em Itacaré, algumas das festas populares estão intimamente ligadas ao Candomblé. É o caso da Festa das Águas, que acontece todos os anos, desde 1959, no dia 2 de fevereiro – Dia de Iemanjá.
Veja o calendário das festas folclóricas na agenda de eventos de Itacaré.